Servidores reagem a ataque de Guedes: “Assédio institucional”

07 de Fevereiro de 2020

 

Ao defender reforma administrativa, ministro comparou funcionários públicos a "parasitas" que estariam "matando o hospedeiro"

Metrópoles - Minutos após chamar servidores públicos de “parasitas” ao defender a reforma administrativa, o ministro da Economia, Paulo Guedes, centralizou críticas severas dos funcionários da União. As principais entidades de classe classificaram a fala como”lamentável”, que o ministro faz “provocações chulas” e que pratica “assédio institucional”.

Guedes afirmou nesta sexta-feira (07/02/2020), em um agenda no Rio de Janeiro, que a reforma administrativa pretendida pelo governo federal será enviada ao Congresso na próxima semana. Foi neste momento que ele subiu o tom.

“O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático”, declarou Guedes. O governo deve fatiar o texto para facilitar a tramitação.

O secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva, reagiu em defesa dos servidores.

“É extremamente lamentável que um ministro de estado se utilize de expressões chulas como essa para tentar implementar as suas pretensões. Não vamos aceitar as provocações do ministro, que tem demonstrado dia a dia o seu desconhecimento do serviço público como um todo”, afirmou ao Metrópoles.

Silva reclama ainda da falta de articulação de Guedes com o funcionalismo. “Lamentamos com muita tristeza essa visão torpe que tentam a todo custo impor o seu conceito atrasado com relação aos servidores e serviços públicos. Desafio o ministro Paulo Guedes a atender o pedido de audiência das entidades sindicais para o próximo dia 11/02. Aí sim, com certeza, daremos uma aula de visão de estado democrático e de um olhar qualificado com relação aos servidores e serviços públicos”, finalizou.

“Assédio institucional”

O presidente da Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate), Rudinei Marques, recebeu a fala do ministro com indignação e classificou a frase como “assédio institucional”. Ele promete denunciar o caso na próxima terça-feira (11/02/2020) em audiência no Senado.

“Essa fala é uma agressão aos 12 milhões de servidores públicos brasileiros e não contribui em nada para a retomada do desenvolvimento nacional”, rebateu.

Para ele, o governo tenta conseguir apoio à reforma administrativa criando embates com o servidor. “Esse é um caminho errado para a solução dos problemas nacionais. Buscamos diálogo, publicamos estudos técnicos mas o governo aposta no conflito, na contenda”, concluiu.

Aposentadoria
As declarações de Guedes foram dadas durante palestra na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV EPGE), no encerramento de um seminário sobre o Pacto Federativo.

O ministro criticou ainda o reajuste anual dos salários dos servidores, que, segundo ele, já têm como privilégio a estabilidade no emprego e “aposentadoria generosa”.

Segundo Guedes, a máquina pública, nas três esferas de governo, não se sustenta financeiramente por questões fiscais e, por isso, a carreira do funcionalismo precisa ser revista.

Reforma administrativa
Entre os pontos já adiantados pelo governo, está que os salários ficam de fora. Essa mudança exige leis próprias, segundo o secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel.

“A reforma administrativa vai criar um novo arcabouço legal para novos servidores. Estabilidade, remuneração e demissão dos atuais servidores não mudará. Os atuais terão ajustes que ainda serão apresentados, mas nada estrutural”, destacou, na mais recente fala sobre o assunto.

A maior parcela das mudanças valerá para aqueles que se tornarem servidores após a aprovação do projeto pelo Congresso. Os que já atuam no Executivo federal manterão a maior parte das prerrogativas e serão afetados por mudanças pontuais.

 



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