Mariana AndradeFlávia Said- Metrópoles - O governo federal faz, nesta quinta-feira (22/5), a primeira contenção no Orçamento deste ano, como parte dos esforços para cumprir a meta de gastos do arcabouço fiscal — como é chamada a nova forma de controle de endividamento público brasileiro. Serão congelados R$ 31,3 bilhões, sendo R$ 10,6 bilhões em bloqueio e R$ 20,7 bilhões em contingenciamento.
O detalhamento da contenção, por órgão, ainda não saiu e estará em decreto a ser publicado em 30 de maio. Os órgãos deverão indicar onde serão feitos os bloqueios e contingenciamentos em até cinco dias úteis.
O valor do corte no Orçamento, anunciado nesta quinta-feira, foi o dobro da cifra projetada por economistas e consultorias, que girava em torno de R$ 15 bilhões. Ao comentar o congelamento de grande porte, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, explicou que o “crescimento acima das projeções das despesas de Previdência fez com que tivéssemos por obrigação legal colocar um bloqueio significativo na mesa”.
Já o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, disse que o anúncio é um retrato do momento e que novas decisões serão tomadas quando necessário. “O monitoramento do Orçamento é diário. Sempre que nós entendermos que é conveniente tomar medidas, nós vamos ter que incidir. O tempo todo a equipe está trabalhando para entender o que está acontecendo, para evitar de nós termos surpresas desagradáveis”.
Dados saíram antes de coletiva de Haddad e Tebet
Os dados do congelamento foram adiantados pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, em um evento antes da coletiva de imprensa convocada pelos ministros Fernando Haddad e Simone Tebet.
Em seguida, foi publicado o detalhamento no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) do 2º bimestre, documento bimestral que avalia a evolução das receitas e despesas primárias do governo central com intuito de acompanhar o cumprimento da meta fiscal.
O ministro falou da contenção e completou: “[O governo] Vai ao mesmo tempo anunciar um incremento de IOF, que vai aumentar, por outro lado, menor que isso um pouco a receita e vai garantir objetivamente o cumprimento das regras do arcabouço fiscal”.
Como o Orçamento de 2025 só foi aprovado em março, a publicação do relatório previsto para o 1º bimestre era facultativa. Dessa forma, não houve indicação de bloqueio nem contingenciamento. Logo, este é o primeiro corte nas contas públicas.
A meta fiscal para 2025 é de déficit zero — equilíbrio entre despesas e receitas —, com banda (intervalo de tolerância) que permite um déficit de até R$ 31 bilhões. Isso porque o arcabouço fiscal permite um rombo de até 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB).
Os ajustes nas contas públicas
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou a existência de um novo pacote fiscal. Ele frisou que a equipe econômica estuda medidas voltadas “exclusivamente para o cumprimento da meta fiscal”, apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os Ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento realizam coletiva de imprensa para detalhar as medidas.
Participam da coletiva os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Orçamento), além dos secretários-executivos Dario Durigan e Gustavo Guimarães. Ainda é esperado a presença do secretário de Orçamento Federal, Clayton Montes, do secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, e do secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas.
Meta fiscal de 2025
Para este ano, a meta fiscal é de déficit zero, ou seja, buscar o equilíbrio das contas públicas. De acordo com o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025, as projeções de 2026 até 2028 são de superávit. São elas:
22/05/2025 15:00, atualizado 22/05/2025 15:47