Ibovespa cai por divergências em proposta da Previdência

05 de Fevereiro de 2019

 

O texto que vazou para a imprensa foi considerado duro até mesmo por membros do governo

Onyx Lorenzoni e Paulo Guedes
(Valter Campanato/Agência Brasil)
SÃO PAULO - As divergências sobre a reforma da Previdência falam mais alto no mercado nesta terça-feira (5). O texto vazado na imprensa de uma das propostas da Previdência na véspera agradou aos investidores e levou o Ibovespa a, mais uma vez, renovar máximas. Mas o cenário hoje mudou.

Às 10h29 (horário de Brasília), o Ibovespa caía 0,46%, a 98.132 pontos. O contrato de dólar futuro com vencimento em março de 2019 tinha alta de 0,08%, cotado a R$ 3,677, e o dólar comercial recuava 0,03%, para R$ 3,672. 

No mercado de juros futuros, o movimento é de recomposição de prêmio após discordâncias em relação à proposta da Previdência. O contrato com vencimento em janeiro de 2021 subia de 6,98% para 7,03%, e o contrato para janeiro de 2023 avançava de 8,06% para 8,13%.

A proposta foi considerada dura até mesmo por membros do governo. “O presidente não é favorável a igualar homem e mulher. Eu concordo com ele”, disse o vice-presidente Hamilton Mourão. Militares seguem pressionando para ficar de fora das mudanças.

Em entrevista à rádio CBN, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, declarou que o texto final será "muito diferente" da proposta apresentada pela equipe econômica e que o impacto fiscal será próximo de R$ 1 trilhão dentro dos próximos 10 anos. 

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Para pavimentar a votação da reforma da Previdência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, começa hoje as conversas com os presidentes da Câmara e do Senado.

Destaques da Bolsa

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 38,51 -2,97 +8,57 283,60M
 ITSA4 ITAUSA PN 13,44 -2,61 +11,26 45,17M
 NATU3 NATURA ON 47,24 -2,05 +5,56 4,61M
 MULT3 MULTIPLAN ON N2 26,21 -1,65 +8,34 2,50M
 SBSP3 SABESP ON 42,93 -1,56 +36,29 15,58M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRFS3 BRF SA ON 24,47 +3,25 +11,58 39,73M
 CMIG4 CEMIG PN 13,83 +1,69 -0,22 26,14M
 GOLL4 GOL PN N2 27,41 +1,59 +9,20 18,46M
 CIEL3 CIELO ON 11,86 +1,19 +33,41 16,84M
 MRVE3 MRV ON 14,82 +1,16 +19,90 1,98M
* - Lote de mil ações
1 - Em reais (K - Mil | M - Milhão | B - Bilhão)

Bolsas mundiais

Os índices futuros dos Estados Unidos apontam para uma abertura em leve alta com os investidores à espera do discurso de Donald Trump sobre o Estado da União. O mercado espera por sinalizações quanto à guerra comercial com a China e a paralisação parcial do governo diante do impasse com o muro na fronteira com o México.

A lei que suspendeu a paralisação em 25 de janeiro tem prazo de três semanas até 15 de fevereiro. "Se o Congresso não conseguir entrar em acordo sobre o muro na fronteira com o México, é provável que haja outra paralisação, o que poderá trazer volatilidade aos mercados", destaca a equipe da XP Research. 

Os investidores aguardam ainda a divulgação de balanços de empresas como Ralph Lauren e Disney.

As bolsas na Europa caminham para nove semanas de ganhos em meio a balanços positivos, com destaque para o desempenho da petroleira BP. Na Ásia, as bolsas na China e em Hong Kong permanecem fechadas ao longo desta semana devido ao Ano Novo Lunar. O índice do Japão encerrou em leve queda. 

Os preços do petróleo operam em alta com as perspectivas de menor oferta global após as sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela e os cortes na produção liderados pela Opep. 

Reforma da Previdência

O presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM), marcou para hoje a primeira reunião de líderes da legislatura e estará na pauta do encontro a reforma da Previdência. Para Alcolumbre, os senadores deverão dar prioridade à reforma para equilibrar as contas da União, dos estados e dos municípios. 

Nas contas do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o Palácio do Planalto terá apoio para aprovar a agenda de reformas descrita na mensagem presidencial ao Congresso, lida ontem no início dos trabalhos legislativos deste ano. 

“Nós já chegamos a um número suficiente para transformar o Brasil”, disse o ministro se referindo a soma de votos obtidos pelos candidatos à Presidência do Senado mais bem votados nas eleições de sábado (2): Davi Alcolumbre (DEM-AP), Espiridião Amin (PP-SC), e Angelo Coronel (PSD-BA).

Alcolumbre recebeu 42 votos, o segundo colocado obteve 13 e o terceiro, oito. O total soma 63 votos, nove acima do quórum para aprovar emendas constitucionais, como a reforma da Previdência. No entanto, é sabido que a matemática em Brasília não é tão simples assim e esses votos poder não ser necessariamente transferidos para a aprovação da reforma. 

Em busca de costurar apoio, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reúne-se hoje com Alcolumbre e Rodrigo Maia, presidente da Câmara, para tratar da reforma. 

Ontem, uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelou trechos do que seria a proposta de reforma. Segundo o jornal, o governo deve propor idade mínima única de 65 anos para homens e mulheres se aposentarem no Brasil. Além disso, a minuta de projeto ainda prevê um mínimo de 20 anos de contribuição para o trabalhador receber 60% da aposentadoria chegando, de forma escalonada, até o limite de 40 anos, para o recebimento de 100%.

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, confirmou que o texto vazado é uma das propostas que vêm sendo analisadas pelo governo. Após o vazamento, a proposta já enfrenta resistência. “O presidente não é favorável a igualar homem e mulher. Eu concordo com ele”, disse o vice-presidente Hamilton Mourão. Militares seguem pressionando para ficar de fora das mudanças.

O programa Analistas sem Censura desta semana debaterá o impacto da reforma nos investimentos, ao vivo, a partir de 15h (de Brasília). Acompanhe no InfoMoney TV ou na página do InfoMoney no Facebook

Noticiário político 

A alta do hospital prevista para o presidente Jair Bolsonaro para quarta-feira (6) não irá mais acontecer. De acordo com o boletim médico do Hospital Albert Einstein, o presidente teve febre, alteração de exames laboratoriais, passou a tomar antibióticos e voltou para a unidade de cuidados semi-intensivos. Ontem ele já não despachou ou realizou reuniões. 

Bolsonaro ainda passou por procedimento com sonda para retirada de líquido da cavidade na região antes estava a colostomia. Segundo o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, Bolsonaro não deve ter alta antes de segunda-feira (11). 

Com Bolsonaro internado, o vice-presidente Hamilton Mourão lidera mais uma reunião com ministros na manhã desta terça-feira. 

Agenda econômica 

Começa hoje a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). É praticamente unânime a opinião de que o Banco Central irá manter os juros em 6,5% ao ano. Apesar disso, há uma grande expectativa pelo comunicado, que pode trazer mais detalhes sobre quanto tempo as taxas permanecerão inalteradas e até se o BC avalia um corte de juros. A decisão será divulgada após o segundo dia de reunião, na quarta-feira (6)

Nos Estados Unidos, serão divulgadas a balança comercial de dezembro e a sondagem PMI não-Industrial do ISM e da Markit de janeiro.

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